PEDRO FERREIRA
A preferência pela cremação é uma tendência mundial e que há muito tempo os potiguares já requisitavam a instalação de um crematório na cidade. Tal requisição está sendo atendida e agora os norte-rio-grandenses podem contar com o cerimonial de despedida como opção. Já está em funcionamento o primeiro crematório do Estado no Cemitério Morada da Paz, em Emaús, em Natal.
Para o diretor do grupo responsável pelo serviço, Eduardo Vila, a expectativa é que se realizem entre cinco a dez cremações por mês em Natal. “Em Pernambuco, temos uma média de 35 cremações por mês. Acredito que em Natal esse potencial cresça por estarmos trazendo um serviço que é uma inovação e que passa a ser uma nova opção de cerimonial de despedida para os potiguares”.
O Crematório Morada da Paz ocupa uma área de 315 metros quadrados e possui uma sala de cerimônias, com capacidade para 60 pessoas, e em breve contará com um columbário (local para armazenar as urnas). O forno utilizado foi produzido pela empresa U.S. Cremation Equipaments, dos Estados Unidos e chega à temperatura de 1000 ºC.
Estiveram presentes na apresentação do serviço, ocorrida nesta semana, o Cônego José Mário e o Reverendo José Romeu que explicaram o posicionamento das igrejas católicas e evangélicas sobre a cremação. Segundo o Cônego José Mário, no Código de Direito Canônico, de 1963, a igreja católica reconhece a cremação como um ritual de despedida autorizado. "Sem qualquer mistificação ou preconceito”, afirma. A mesma opinião tem a Igreja Evangélica que entende a cremação como uma despedida para a eternidade.
COMO FUNCIONA A CREMAÇÃO
A escolha pela cremação vem crescendo no mundo inteiro e também no Brasil, que já possui cerca de 50 crematórios. Esse crescimento se explica por essa ser uma opção economicamente viável, uma solução para escassez de espaço nas grandes cidades e um processo ecologicamente correto.
Após o tradicional velório ou o ritual de despedida na sala de cerimônias do crematório, a urna é conduzida ao local de cremação. O processo dura cerca de duas horas e em seguida as cinzas são armazenadas em uma urna e entregues à família num prazo de até cinco dias úteis.
É importante lembrar que para realizar a cremação é necessário que a pessoa manifeste a vontade ainda em vida e que um responsável autorize o procedimento. Além disso, dois médicos ou um médico legista devem constatar a morte. Em casos de mortes violentas é também necessária a autorização judicial para que a cremação não impeça uma possível perícia.
Os custos com a cremação variam de R$ 1.500,00 a R$ 3.600,00 dependendo da forma de pagamento, modalidade do contrato e diferenciais na cerimônia. Também é possível adquirir a cremação de uso futuro que possui descontos e parcelamentos na contração. Com ela é possível deixar definido qual o desejo do contratante e poupar os familiares, num momento de estresse emocional, de decisões difíceis e da responsabilidade financeira que a perda de um ente querido representa. "Temos como foco a venda de cremações previdenciárias, da mesma forma como são feitas as aquisições dos planos funerários", explica Eduardo Vila.
HISTÓRIA DA CREMAÇÃO
A cremação é um dos processos mais antigos praticados pelo homem. Em algumas sociedades este costume fazia parte do cotidiano da população, por se tratar de uma medida prática e higiênica. Os gregos, por exemplo, cremavam seus cadáveres por volta de 1.000 a.C. e os romanos, seguindo a mesma tradição, adotaram a prática por volta do ano 750 a.C. Nessas civilizações a cremação era considerada um destino nobre aos mortos.
No Japão, a cremação foi adotada com o advento do Budismo, em 552 d.C. como em outras localidades, ela foi aceita primeiramente pela aristocracia e a seguir pelo povo. Incentivados pela falta de lugares para o sepultamento, pois o país possui pouquíssimo espaço territorial. Os japoneses incrementaram significativamente a prática e tornou-se popular cremar os mortos.
Quando o assunto cremação é posto diante da religião ainda surgem muitas dúvidas, mas a maioria das religiões já aceitam a prática, com exceção do Judaísmo Ortodoxo e do Islamismo. As doutrinas católica, evangélica e espírita fazem parte dessa maioria. No catolicismo, desde 1963 o Vaticano reconheceu a cremação como um ritual de despedida.
No Brasil, a cremação foi regulamentada pela Lei Federal nº 6015, em vigor desde 31 de dezembro de 1973, e o primeiro crematório a funcionar foi o municipal de Vila Alpina, em São Paulo, inaugurado em 1974.
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